terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A "Cultura" Feirense no entender do poder público municipal.

O mestre Ariano Suassuna está certo. É ridículo ver que a cultura tem ficado a cargo de uma juventude que não pensa ou parece não pensar. Não consigo entender (e sou jovem!) como podem bater palma para músicos que coisificam a mulher, que incitam o sexo precoce, ridicularizam e esteriotipam os relacionamentos e o amor. Como podem as mulheres, tão "na moda", reclamarem que os homens tratam elas como coisas? Elas sempre estão nos shows rebolando e gritando que são cachorras, raparigas, que ralam o sexo (órgão sexual) no chão, que querem dar a periquita e coisas do tipo. É constrangedor saber que para fazer música dançante as pessoas necessitem apelar para tais elementos fúteis ao extremo. Sou ignorante em muitos aspectos. Não me considero dono da verdade, nem tampouco quero estar sendo preconceituoso, afinal, gosto de dançar forró. Mas, isso que aí está não é forró e não me agrada ver, mesmo tendo mulheres belas a expor corpos também belos. Acredito que não é no palco que devam estar exibindo suas "formas" e sim numa cama de motel talvez ou em casa para seus amantes (não amante no sentido de " o outro"! ou até mesmo esses.).
Não escrevo essas linhas para simplesmente dizer aquilo que Ariano Suassuna já falou muito melhor e com mais propriedade que eu. Escrevo para desabafar o meu repúdio aos órgãos do poder público municipal em Feira de Santana que se prepõem a "fazer" políticas públicas na área de cultura.
Já estive trabalhando em um desses órgãos por dois anos da minha vida. Sou comunicólogo e penso ser meu papel expor minhas idéias, não faço isso no intuíto de constranger ou até mesmo "trair" as pessoas que comigo trabalharam e que inclusive me ensinaram muito. Aprendi na prática que para aqueles que realmente "fazem" a cultura de Feira de Santana, essa, se resume a "trocados", que são: Toldos, Som, bolas e medalhas, redes e coletes para o futebol (o quase único esporte prestigiado!), algumas vezes água mineral e é só! Talvez esteja esqueçendo de algum "trocado", mas é essencialmente isso. Não há uma política séria. Não se consegue nada quando o assunto é a cultura negra, apenas um espaço marginal no Micareta que virou uma festa mais que profana. Se você propõe um projeto interessante, que vá trabalhar com jovens e pode salva-los das drogas, da miséria e do abandono, a frase é pronta - Não tem verba mais esse ano! Nunca tem. Tem sim, para inaugurar as faixas de pedestres e ruas consertadas... Fala sério!
Recentemente disseram para uma ONG que faço parte que não havia a possibilidade de conseguir nada para um evento que comemorávamos o Dia Municipal da Capoeira. Nada mesmo!!! Não havia mais verba, não há mesmo projeto de atividade (uma espécie de conta bancária com aplicação predestinada) para eventos referidos. Mas pasmem! Há dinheiro de sobra para contratar bandas caras como Calcinha Preta, Laírton, Nara Costa e etc, quase todo fim de semana, para inaugurar quebra-molas. Fala sério!!!
Entendo que esse primeiro ano de governo do prefeito eleito é "regido" por um orçamento votado na gestão anterior, mas o ano que vem vai ser diferente? Os vereadores que foram eleitos sabem que é seu papel rejeitar um orçamento como esse que não privilegia a cidade e sim pessoas de fora dela? espero que algo mude pra melhor. Espero que tenham vergonha na cara, que lembrem que nós os colocamos no "poder" para administrar a coisa pública e não a família e os amigos deles.
Vejo bandas da cidade pleitearem um espaço para tocar e não conseguem. Vejo grupos de Capoeira pleitearem um toldo pra fazer uma roda na praça e não conseguirem. Vejo grupos de religião afro pleitearem uma ajuda logística para algum evento e não conseguirem. Mas vi muitas vezes ônibus serem conseguidos para levar eleitores para um enterro, toldos e tudo possível para os eventos de inauguração (que dão voto!), som para as bandas caras de algumas poucas (previligiadas) produtoras, vi pessoas bem intencionadas com a cultura real serem tratadas como alguém que incomoda muito.
Gostaria de salientar que não aponto culpados, somos todos os culpados dessa desordem. Nós elegemos canalhas e aplaudimos a nossa própria miséria quando não fazemos nada diante dessas coisas. É preciso pensar um pouco se a sociedade de amanhã vai mesmo ser possível. Se queremos de verdade que a violência na nossa cidade diminua ou acabe, por que insistir nas festas que apenas incitam essa violência e nada de benéfico trazem a cultura? Reflitam!
Podem achar que é pura raiva essas linhas (mal) escritas, é é também! Mas é um "chamar" a atenção da maneira que posso. Como cidadão Feirense, como indivíduo, como Capoeirista e como amante da verdadeira cultura.

Um axé a todos que não desistem e lutam para uma melhora dessa realidade!

4 comentários:

Skywalker007 disse...

welcome to the jungle baby

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Meu irmão!
Vc é mais que um comunicologo...
fico feliz por inumeros motivos... de conheceer e compartilhar insatizfações junto ao Poder Público de Feira de Santana com o Autor de Pela Porta Verde e estar de fato fazendo algo.
... mas a luta continua, e a nossa cultura resiste porque é o negro (pobre) que persiste lutando para manter acesa a chama da sua Herança Cultural.

... Cara, Vc foi meu 1ª Mestre orientador na arte da Comunicação, tanto na escrita quanto na oral, apesar de já ter publicado um livro ainda não atingir 10% da sua arte-dom de escrever e se expressar.
Parabens meu Irmão camarada!
Continue que muitos irão aprender a agir Pela porta verde. Axé!
Fabrício Souza, Profº. de Capoeira, Ativista Cultural e Coord. da Escola de Capoeira Universo Cultural - FSA.

Anônimo disse...

Quem realmente ansei ver bons projetos culturais serem desenvolvidos pelo poder público de Feira de Santana e, de repente, se depara com o (mau) uso do que se denomina Secrearia Municipal de Cultura (Esporte e Lazer também) descobre que vie uma ilusão. Na prática, cultura (em Feira e no resto do Brasil, acredito) é exatamente o dito no texto, toldos, bandas, palcos, redes, comida... e olhe que já tinha até conseguido distinguir o conceito da palavra do senso comum, que associa o "ter cultura" ao conhecimento e participação de eventos culturais elitizados. Acho que em alguma discussão em sala de aula me foi dito que cultura é a expressão espontância de um povo, seja ela qual for. Sendo assim, é difícil acreditar que a cultura feirense se resuma a esses pequenos eventos (mesmo em se tratando da micareta) passageiros, que mais anestesiam e nos faz esquecer as mazelas da vida do que muda, ou ao menos melhora, as nossas vidas. Que aconteçam sim as festas, porque, afinal, diversão também faz parte da vida! Mas não com a intenção de poldar qualquer indignação humana, desprezar todo o restante e deturpar o significado da cultura de um povo, resumindo-o a um show de Calcinha Preta.

Como também "vítma" do processo "dsilusão Secel" entendo bem seu desabafo, Thiago rs

Muito bom o texto
Você é demais!